24 de abril de 2011

Autora: Nicole Emim



Idas e vindas da dança

Um relacionamento conturbado, cheio de altos e baixos. É assim que eu defino a minha história com a dança.
Assim como acontece, geralmente, no inicio de qualquer relacionamento, eu comecei com um fogo gigante. Não queria mais saber de nada, só queria saber de fazer ballet, isso aos 9 anos de idade no ano de 2006. Não era uma boa idade para começar, eu sei, mas mesmo sendo um pouco ''velhinha'' tive várias conquistas em meu primeiro ano. No meu primeiro mês de aula já passei dois níveis e fiquei fazendo aula na turma de preliminar dois. Confesso que me sentia inferior às outras meninas da sala, até porque todas já faziam ballet desde de pequenininhas e tinham muito mais experiência que eu. No entanto, para minha surpresa, no final do ano durante o meu primeiro espetáculo, tive a honra de ser premiada como melhor bailarina de minha turma, recebi certificado e tudo mais. Eu que já estava completamente apaixonada pelo ballet fiquei ainda mais estímulada a continuar e provei para minha mãe que não era apenas ''fogo de palha'', como ela dizia.
No ano seguinte comecei fazendo aula na turma do básico 1 e logo passei para o básico 2, onde iniciei o sonhado uso das sapatilhas de ponta. Nunca vou esquecer da minha primeira aula de ponta, era muito dolorido, mas era aquela dor boa que proporciona prazer e uma sensação de superação. No mais, esse ano foi um ano ''normal'', o espetáculo do final do ano é que foi um novo desafio, pois pela primeira vez dancei mais de uma dança. Foi maravilhoso, pude realmente comprovar a "Magia da Dança", assim como dizia o nome do espetáculo. Em 2008 passei a fazer aula em duas escolas diferentes, foi dificil conciliar, mas não foi impossível. No final do ano foram dois espetáculos diferentes para participar e um total de 5 coreografias para ensaiar e apresentar. Começou então uma rotina de muitos ensaios que me privavam de uma vida social normal, como a de meus amigos. Eu ficava chateada por não poder fazer tudo que as minhas amigas do colégio faziam e depois dos espetáculos começou um dilema em minha mente, ''será que eu devo deixar de fazer coisas que todos da minha idade fazem para fazer ballet?''. Infelizmente eu não tive maturidade suficiente para achar a solução ideal e acabei saindo.
Passei cinco meses longe do ballet. Durante esse tempo coisas aconteceram, minhas amigas participaram do Passo de Arte em Fortaleza e ganharam o 3° lugar com a coreografia Calungas, além de muitas participações em eventos da cidade. Comecei a sentir muita falta daquela rotina "sofrida" que eu tanto gostava, ver as fotos de tudo que estava acontecendo me causava aquela sensação de "isso era pra estar acontecendo comigo". Contei para a minha mãe que queria voltar e ela me rematriculou no Studio. Me enchi de expectativas e fiquei super animada com a minha volta, mas quebrei a cara. Sabe aquela frase que diz "Não crie expectativas. É melhor se surpreender do que se decepcionar" ? Eu deveria ter pensado nela antes de voltar com toda aquela animação. Minhas amigas tinham acabado de voltar do Passo de Arte e eu, obviamente, não estava no mesmo ritmo delas e isso começou a me fazer pensar que aquele definitivamente não era mais o meu lugar. Saí novamente, dessa vez estava decidida a não voltar. Não sabia eu que o fim do meu relacionamento com a dança não era definitivo...
No final desse mesmo ano fui prestigiar o espetáculo do Studio de Dança FB. Antes do espetáculo começar fui aos camrins abraçar minhas amigas e desejá-las "merda". O que eu vi me deixou abalada, pois eu queria, naquele momento, estar como elas: me arrumando, me maquiando, me aquecendo... Isso ainda não foi tão ruim, pior foi ter que assistir o espetáculo. Não que estivesse chato, muito pelo contrário estava lindo, mas foi dificil controlar meus pés que não paravam de balançar e mais difícil ainda foi controlar as lágrimas que escorriam dos meus olhos ao imaginar que eu poderia estar no palco dançando e participando daquele espetáculo lindo. Foi ai que eu percebi que eu tinha que voltar a dançar, eu precisava de tudo aquilo.
No ano seguinte (2010) eu decidi voltar e voltei. Sofri muito no começo para poder voltar a ter o ritmo de antes, mas desse vez não me deixei abater, continuei fazendo aulas e aos poucos fui voltando a ser como antes (não exatamente como antes, mas quase). Era dificl resistir a tentação que uma vida social normal proporcionava, mas eu resisti e segui firme e forte durante o ano. Em junho participamos do Ballace, em Camaçari - BA. Lá tive experiências fantásticas e aprendi muito com alguns mestres da dança. O espetáculo de dezembro foi perfeito, eu pude passar por tudo aquilo que eu tanto amava mais uma vez.
Agora, estamos em 2011 e eu continuo no ballet. É complicado lidar com escola, ballet, inglês e amigos. Mas com jeitinho eu vou conciliando tudo e assim consigo praticar essa arte que eu tanto amo. Em julho nós iremos participar do maior festival de dança do mundo em Joinville - SC e estamos nos preparando arduamente para isso. A ansiedade tomou conta de todos e isso também me serve como estímulo para continuar.
Por enquanto não posso dar continuedade a essa história, mas termino esse texto com a ceteza de que mesmo com tantas idas e vindas, a dança faz parte de mim e isso é o que importa!


Nicole Emim

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